“Suas Certezas são questionáveis,
o inesperado sempre é certo
e a dúvida não é uma opção.”
Autor: Lauro Kociuba
Gênero: Fantasia | Ficção Brasileira
Páginas: 269
Editora: -
Eu já disse várias vezes aqui no Barato que não tenho preconceito literário. E aí surgiu a oportunidade de conferir o trabalho de um autor independente: Lauro Kociuba, paranaense gente boa e cheirador de fantasia, criador do universo Alvores. E... bem, foi assim que entrei para a Liga dos Artesãos e não saí mais de lá! XD
O livro nos apresenta Tales, um garoto descendente de elfos e humanos e aprendiz de Aer’delo, um elfo que sonha em trazer de volta a glória de seus antepassados. Digamos, que ele tem um plano mirabolante para realizar sua vontade. E sobre isso é só o que posso falar.
Depois de uma noite em claro, de olho no General Shkrenee e de levar um tiro de raspão na cabeça, Tales recebe a visita de um anão chamado Bro-Thum, dizendo que a vida do garoto corre perigo e que eles precisam fugir com urgência.
Com um olho no peixe e outro no gato, Tales aceita a proteção do anão suspeito e o segue por túneis inimagináveis sob a cidade de Curitiba. — Isso mesmo: Curitiba, capital do Paraná, aqui no Brasil. — Nessa intrincada rede de túneis, o jovem meio-elfo-meio-humano descobre a existência de uma cidade subterrânea. Uma cidade de anões chamada Kur. E é bem aqui que as coisas começam a se desenrolar de verdade e conhecemos um pouco mais do universo Alvores criado por Lauro.
São quinze capítulos curtos, alinhados e certeiros. Aqui e ali, interlúdios para nos situar no tempo e espaço além de ajudar a entender os personagens e o que os movem.
Na Liga dos Artesãos, temos ação, lutas épicas, traços de SteamPunk, personagens clássicos de fantasia e RPG como elfos e anões, numa roupagem nacional e super dinâmica, fora um sem número de referências seja a livros de fantasia, seja a animes. — Algumas partes me lembraram Evangelion, hehehe —
Essa leitura foi realmente uma experiência digna de nota: Não é segredo para ninguém que recentemente adquiri um kindle. E quando concluí a leitura no formato e-reader, decidi que precisava do livro físico. E não me arrependo de adquirir as duas versões: o livro tem ilustrações estilosas, uma capa linda e assaz enigmática, além das páginas cheirosas!
Meu personagem favorito — E creio que seja um consenso entre as pessoas que já leram esse livro — é Marcel. Um moço que acreditava ser normal, apenas um cara que fazia música e havia nascido para ser mais um. Só que não. Ele é um bardo e sua música é poderosa, capaz de manipular elementos, inspirar sentimentos e reações em pessoas e outros seres mágicos.
O universo dos Anões é um caso à parte, com as várias classes de características específicas. Fiquei encantada com Dwa-Ella, rainha dos anões. Ela é simpática, forte, guerreira e decidida. Gostaria de saber mais sobre ela, que além de inteligente sabe bater como ninguém!
Uma das cenas mais dantescas, crudelíssimas e malignas do livro é uma passagem perto do final, onde aparece um pobre Troll das Montanhas — uma besta colossal, como dito no próprio livro — acorrentado no teto de uma sala. Sério, o negócio é de arrepiar.
E depois de ler esse livro e de já ter passado por outros autores nacionais de fantasia, posso dizer com todas as letras: Sim gente, tem literatura de fantasia muito bem feita aqui nas nossas terras! Não se trata de um sentimento “literato-nacionalista”, mas de reconhecer quando um trabalho tem qualidade e características que o tornam único. Resumindo: Liga dos Artesãos não deixa nada a desejar quando assunto é fantasia nacional. E tenho dito. :D
Lauro Kociuba é autor independente e o livro que guia essa resenha é sua obra de estreia, financiada pela plataforma coletiva do Cartarse. E talvez por isso, talvez não, o projeto gráfico de A Liga dos Artesãos seja tão bacana, saindo um pouco dos clássicos comerciais e apresentando o universo a que se propõe desde o início: Alvores é um universo inteiro. Tão grande que não cabe numa sinopse de contracapa e tão misterioso que é preciso dar um voto de confiança e ir além do símbolo marcado na capa. Simples assim.
Claro que, se tratando de um livro de estréia, não está perfeito. A partir do Capítulo "Vapor" tive a impressão de que os capítulos ficaram mais corridos. Sem contar que, desse mesmo capítulo em diante, percebi várias repetições de palavras. No entanto, o universo é bem consistente e o livro é bem feito, com uma narrativa que busca MOSTRAR o que está acontecendo ao invés de simplesmente descrever. E acredite, isso faz cada minuto de leitura valer a pena!
Chego ao final dessa resenha pensando: Poxa cara, que louco, que bacana! Graças ao crowdfunding livros como esse podem existir. Se você não sabe o que é financiamento coletivo, sugiro que leia essa matéria aqui e fique por dentro da parada.
Até a próxima folks!
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