Angela Della Morte
Autor: Salvador Sanz | Arte: Salvador Sanz
Editora: Zarabatana[Edição Especial]Páginas: 96
Editora: Zarabatana[Edição Especial]Páginas: 96
Num futuro não tão distante, numa humanidade não tão diferente da nossa, a morte na verdade é um ser vivo que se alimenta de almas. Quando nossas almas saem de nossos corpos, temos 35 minutos para voltar. Depois desse tempo, a "morte" nos encontra e devora nossas almas.
E é neste cenário que se desenrola a história de Angela, uma agente de campo dos Laboratórios Sibelius, especializada em simular sua própria morte, transferindo sua alma para corpos vazios e realizando missões sombrias que vão desde espionagem industrial até assassinatos encomendados. Muitas de suas missões, inclusive, envolvem combater espiões do "Governo Fluo", laboratório concorrente de Sibelius.
Quando bati o olho nessa capa, tudo me chamou atenção: Uma mulher astronauta em primeiro plano, um macaco sombrio no segundo plano e lá atrás, um mecha gigante. Ah sim, presta atenção no cenário: se não estão na lua, com certeza estão em algum lugar do sistema solar fora da Terra. Na contracapa há um texto instigante do fundador dos Laboratórios Sibelius e um painel que mostra a protagonista mais uma vez.
Folheei a HQ e sem dúvida alguma trouxe comigo para casa. Meu faro para boas histórias foi praticamente seduzido pelo traço forte e quase metálico de Salvador Sanz.
O clima de fantasia e ficção cientifica de Angela Della Morte passeia entre o lúgubre e o insólito. E apesar do cenário ser incrível, eu meio que me apaixonei pela simplicidade complexa da personagem de Angela. Ela é humana, não tem super poderes. Tem falhas de caráter, tem medos. Mas é excepcionalmente boa em seu trabalho. E chega a ser quase uma contradição, um paradoxo, que tudo dê errado na sua vida exatamente por ela ser muito boa no que faz.
A história desse primeiro volume é dividida em 3 arcos: Desalmada, O Perecedor e Soltar a Fera (esses dois últimos divididos em duas partes). A gente não tem muito tempo para absorver o universo ou pensar a respeito do que estamos lendo. Depois de uma breve apresentação do cenário, já começamos a acompanhar os acontecimentos na vida de Angela.
No terceiro arco, Angela e seu assistente (um agente que está ocupando o corpinho do macaco da capa) estão na lua. E como se as coisas já não estivessem sinistras o suficiente, Salvador Sanz mostra que sempre dá para piorar. O final mostra uma ponte para uma continuação que me deixou com uma colônia de pulgas alucinadas atrás da orelhas.
Saindo um pouco do foco da protagonista (que me cativou por ser simplesmente humana, boca dura, durona - ou nem tanto - e imperfeita), o enredo de Angela Della Morte surpreende pela forma simples com que temas complexos são apresentados e tratados. Além da morte ser um tipo de ser vivo que fareja e devora almas fora do corpo, o avanço cientifico tornou possível extrair a maldade humana (nomeada de veneno cinza) através de processos cirúrgicos. Sanz transformou sentimentos e conceitos em coisas tangíveis e passíveis de serem extraídas, manipuladas e usadas para fins nem sempre nobres, afinal, não importa o que aconteça, ainda somos humanos.
Esse álbum, publicado em 2012 pela Zarabatana Books é uma edição especial, que reúne os 5 primeiros capítulos da HQ argentina, onde, originalmente, as aventuras de Angela Della Morte foram seriadas, produzidas e publicadas na revista Fierro. Informação que eu só descobri pesquisando para esse post, pois não há nada falando sobre isso na publicação brasileira. E para minha tristeza, o volume 2 nunca foi publicado por aqui e não sei se existem planos.
Leitura super indicada para quem curte sci-fi e fantasia com uma boa dose cáustica de existencialismo.
Vou ficando por aqui e... até a próxima folks! ✌
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